quarta-feira, outubro 02, 2002

OS PIORES CONGRESSISTAS DO BRASIL

Tirado da Folha de São Paulo (guarde os nomes e os partidos pra ver se vale votar neles e espalhe por aí):
Congressistas mal avaliados afirmam que levantamento não reflete a realidade política
Menos atuantes criticam critérios


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A maioria dos deputados e senadores considerados menos atuantes pelo levantamento da Folha discorda dos critérios da avaliação. Alguns relatam dificuldades no exercício do mandato, outros afirmam que conseguem recursos federais para suas bases eleitorais, outros dizem que os critérios são técnicos e não refletem a realidade política. Leia abaixo as explicações de cada um.

Alcione Athayde (PSB-RJ), deputada: "Sou médica pediatra e dediquei meu segundo mandato aos jovens. Qual deputado federal tem maior número de projetos apresentados para a área da juventude do que eu? Tive aprovado apenas o projeto de lei que cria o Dia da Juventude, sancionado pelo presidente no dia 11 de julho, mas tenho outros projetos que estão tramitando e têm recebido pareceres favoráveis em todas as comissões. Apresentei o projeto que dá incentivos fiscais a empresas que contratarem jovens e o que regulamenta as academias de artes marciais".

Eliseu Moura (PPB-MA), deputado: "Essa avaliação leva em conta os recursos que liberei na Comissão de Orçamento para os municípios maranhenses e mesmo para o Estado? Leva em conta os recursos que liberei nos ministérios? Não? Então não está correta. A avaliação tem de ter critérios globais. Vocês sabem a responsabilidade que têm, não é, porque podem ser penalizados por isso".

Glycon Terra Pinto (PMDB-MG), deputado: o deputado está em campanha e não foi localizado. Seu irmão Daniel afirmou que ele só se ausenta da Câmara quando tem compromisso com o governador de Minas ou com prefeitos. Sempre que isso acontece, o deputado informa com antecedência o líder do seu partido e o presidente da Câmara, justificando sua ausência, de acordo com o seu irmão.

Roberto Rocha (PSDB-MA), deputado: "Meu trabalho está voltado para as bases, tento conciliar a atividade legislativa com o corpo-a-corpo no Estado. Minhas dificuldades são imensas, porque a família Sarney detém o poder político e econômico no Estado, além do monopólio das comunicações. É muito difícil romper essa barreira. Fiz uma opção política: mudar a realidade do meu Estado. Considero minha frequência na Câmara razoável, mas compreendo que poderia dar mais de mim ao trabalho legislativo. Se fosse candidato à reeleição eu seria o deputado mais votado do Estado, mas me candidatei a governador porque o mais importante para mim é tentar mudar o Maranhão".

José Priante (PMDB-PA), deputado: "Respeito a Folha pelo melhor jornalismo do Brasil, mas essa avaliação é complicada. O critério de vocês é assiduidade e não atuação. Houve um ano em que fui relator de Infra-Estrutura e Orçamento, passei seis meses debruçado nisso e, por ter faltado sessões de comissões, tive uma avaliação ruim. Os critérios são muito superficiais e não refletem a realidade. Eu represento um Estado que tem uma demanda em infra-estrutura muito grande e sou reconhecido como o deputado que mais conseguiu obras para o Pará.

José Teles (PSDB-SE), deputado: "Eu tirei licenças particulares e durante esses períodos não recebi nenhuma remuneração. As licenças médicas se devem a um problema de circulação nas pernas, que me impede de andar, e tenho de ficar com os pés para cima. Quanto às relatorias, não dependem mim, mas do presidente da comissão, que tem seus deputados preferidos".

José Mendonça Bezerra (PFL-PE), deputado: "Eu posso ser menos atuante em um sentido. Mas uma prova de que a avaliação não é correta é o seguinte: do que adianta eu, como representante do povo, ir para a tribuna fazer discursos se isso fica só nos anais da Casa? Estou no 10º mandato e, em todas as minhas votações, o número de votos é crescente, o que significa que estou correspondendo às expectativas dos que confiaram em mim. Tenho desempenhado meu papel com muita tranquilidade e, modéstia à parte, com muita competência. O que interessa é que, nesta eleição, terei mais de 100 mil votos".

Osvaldo Coelho (PFL-PE), deputado: "Quem é esse tribunal? É o povo? São os jornalistas? São os políticos? Esse julgamento é muito equivocado, parte de bases muito falsas. Vocês já classificaram como atuantes pessoas que são vaiadas todos os dias por aqui. A forma de julgar o parlamentar é diferente dessa estatística fria. Sou um deputado "distrital", atuo para a minha região e sou julgado pelos
meus eleitores. Tenho sete mandatos, vou para o oitavo. Minha atuação parlamentar não é estatística, é de resultado. Tenho duas bandeiras: educação e irrigação".

Yvonilton Gonçalves (PFL-BA), deputado: "Reconheço que não tive boa atuação durante meu mandato dentro da Câmara. Não fui eleito, fui suplente e, de acordo com o regimento, como suplente eu fico impedido de uma série de coisas, como participar de Mesa Diretora, exercer liderança ou ser presidente de CPI. Fiquei limitado à Comissão de Comunicação e ao plenário. Acredito que, em decorrência disso, fui extremamente prejudicado. Mas tenho me dedicado a levar investimentos e recursos para o meu município. Tenho uma atuação boa extra-Câmara. Quero me eleger como titular para recuperar o tempo perdido e tentar fazer uma boa atuação".

Teotônio Vilela Filho (PSDB-AL), senador: "Durante cinco anos fui presidente nacional do PSDB - o partido do presidente da República e que tem diversos governadores -, o que me obrigou a viajar muito. Cruzei o Brasil três vezes. Essa atividade afetou meu dia-a-dia no Congresso. Em Alagoas, sou disparado o parlamentar que mais obras e recursos viabilizou para o Estado. Os programas sociais do governo federal atuam em maior número em Alagoas do que em outros Estados. Consegui, junto com o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), retomar a construção do Canal do Sertão, que ficou 15 anos parado, e investimentos de R$ 86 milhões para levar água aos pequenos municípios. Para meu povo e meu eleitor, tive uma atuação muito forte".

Alberto Silva (PMDB-PI), senador: sua assessora Lúcia Bucar deu a seguinte resposta: "A atuação do senador Alberto Silva é totalmente voltada para as necessidades reais do país, que são trabalho, alimento, energia, educação e saúde, e aos problemas do semi-árido nordestino. Os critérios de avaliação deste caderno parecem-me alienados, cômodos ou simplistas. O senador Alberto Silva não só conhece todas as dificuldades nacionais como tem espírito criativo raro, é um gênio".

Gilvam Borges (PMDB-AP), senador: "Tenho uma atividade muito intensa como coordenador de bancada e da comissão de Orçamento e meu desempenho não pode ser comparado ao dos congressistas que passam o dia falando no Senado. São pessoas sem trânsito nos ministérios e que não vão em busca de recursos para os municípios. Faço uma política de resultados, que busca recursos nos ministérios. Há parlamentar que só fica na tribuna e participando de comissões. Muitas vezes os que têm mais presença são justamente os mais acomodados".

Lúdio Coelho (PSDB-MS), senador: "Efetivamente, não tenho apresentado projetos de lei porque não entendo a necessidade de leis novas, e sim que se cumpram as existentes. Trabalho nas comissões, apóio o governo de Fernando Henrique Cardoso, pois avalio que o caminho para o país seja este. As emendas que tenho apresentado ao Orçamento são liberadas e destinadas a prefeituras do meu Estado bem administradas e sérias. Voto seriamente e penso que cumpro adequadamente meu mandato. Não sei no que os discursos possam ser úteis ao país".

Lauro Campos (PDT-DF), senador: "Não esperava outra coisa. Na grande imprensa chapa-branca, na qual incluo a Folha, minha avaliação só poderia ser essa. A minha avaliação da Folha é pior do que a que vocês fazem de mim. Sou comunista e marxista, foi uma avaliação ideológica. Estou tranquilo, no final do ano terei publicado 2.000 páginas de discursos feitos de improviso, quando vejo senadores lendo na tribuna discursos preparados por seus assessores. Estou lutando contra o endividamento externo e o FMI".

A Folha tentou ouvir os deputados Nicias Ribeiro, Mário de Oliveira, Paulo Marinho, Airton Roveda e Vittorio Medioli no período de 19 a 23 de setembro, quando este caderno foi impresso. Vários recados foram deixados com funcionários e parentes, segundo os quais os deputados estavam em campanha no interior de seus Estados e não poderiam ser localizados.